A condromalacia patelar consiste em uma doença degenerativa da cartilagem articular da superfície posterior da patela.
Dentre o rol de doenças do joelho da mulher corredora, esta estaria intimamente ligada ao valgo dinâmico e, infelizmente, tratada de maneira incorreta em muitos casos. Acredita-se que a doença desenvolva-se a partir do contato excessivo da cartilagem da rótula que estaria lateralizada em relaçao ao seu “trilho”, a tróclea femoral. A distribuição desigual dos pontos de pressão causaria, em longo prazo, morte celular e desarranjo da matriz extra-celular, com conseqüentes sintomas de dor, creptação ou sensação semelhante a “areia” dentro do joelho,estalos e,às vezes, falseios. No início, a lesão dá-se por amolecimento da cartilagem. A seguir, podem haver ulcerações, fissuras, terminando com o desgaste de toda sua espessura, evoluindo,assim como qualquer lesão cartilaginosa, para a osteoartrose.
GRAUS
Segundo a classificação descrita por Outerbridge (1961), existem 4 níveis de condromalácia patelar, de acordo com o estágio de deterioração da cartilagem.
I – amolecimento da cartilagem e edemas. Este estagio é considerado como normal por quase todos os autores e estaria presente em quase toda a população acima de 20 anos de idade.
II – fragmentação de cartilagem ou fissuras com diâmetro < 1,3cm diâmetro
III – fragmentação ou fissuras com diâmetro > 1,3cm
IV – erosão ou perda completa da cartilagem articular, com exposição do osso subcondral.
O que se sente?
Os principais sintomas são: dor profunda no joelho, as vezes irradiada para a região posterior, desencadeada na corrida e, posteriormente, ao subir e descer escadas, ao levantar-se de uma cadeira, muitas vezes restringindo para atividades da vida diária. Crepitação e estalos, muitas vezes audíveis sao comuns Quando existe o acumulo de liquido dentro do joelho, conhecido popularmente como “agua no joelho” indica haver agravo da doença com uma complicação comum denominada sinovite, uma reação inflamatória da membrana sinovial que reveste o joelho.
Como se trata?
O tratamento fundamenta-se na detecção da presença valgo dinâmico e de desequlibrios musculares através do exame físico minucioso, com atenção especial para a musculatura do quadril feminino, observando-se a postura adotada no movimento de descida, detecção de pisada muito pronada pelo teste de baro-podometria e avaliação do equilíbrio muscular entre musculatura anterior da coxa (extensores do joelho) e posterior (flexores do joelho) através do teste de força ou avaliação isocinetica.
A reabilitação envolve recursos antiinflamatorios iniciais como o laser e o ultrassom, seguidos da ativação de grupos musculares enfraquecidos, muitas vezes com auxilio da eletroterapia (correntes russa ou australiana), seguida do fortalecimento e aumento do tempo de ativação de grupos musculares através dos treinos proprioceptivos e pliométricos. Muitas vezes, o uso do salto alto deve ser reduzido por determinado período e pisadas muito pronadas ou muito supinadas também devem ser tratadas.
Tratamento cirurgico
O tratamento cirúrgico da condromalacia patelar nunca deve ser a primeira opção no tratamento da doença e se reserva aos casos quem nao melhoraram com a reabilitação bem feita, com defeito cartilaginoso de graus III ou IV e com encurtamento crônico da retinacula lateral (tecido que segura a patela na região externa). Nestes casos, através da artroscopia do joelho pode se realizar a regularização da cartilagem lesada (Figura 3), retirada de corpos livres e a soltura da retinacula encurtada, procedimento chamado de “release lateral”. Terapias adjuvantes como a aplicação intra articular de acido hialuronico no período pos-operatorio auxilia no tratamento e previne a recidiva de sintomas. (escrito por Dr. Adriano Leonardi, Médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho e traumatologia do esporte).
Certamente existe um certo público que não está salvo. Em conversas que tive com vários fisioterapeutas especialistas em reabilitação de joelhos, dizem que mulheres acima de 30 anos e que vivem o periodo pos parto, a incidência desta lesão é muito grande. Durante o período da gestação, além do ganho de peso que pode ser excessivo ou não, a mulher ainda lida com a mudança do centro gravitacional. O bebê que vai crescendo na barriga da mamãe, comprime as vértebras lombares, e transforma o caminhar da gestante. A tendência é que se torne genovalgo (joelhos voltados para dentro). Tudo isso alterou a mecânica da marcha que se criou por toda a vida da mulher até aquele momento. O tratamento na fase aguda se da por uso de medicamentos e fisioterapia. Após o período de crise, indica se fortalecimento muscular em academia com exercícios de cadeia cinética aberta, limitação de ângulos de flexão ou extensão. Por ser crônico, é algo que deve se aprender a conviver. A maternidade é belíssima, mas traz consigo esses obstáculos a serem vencidos. Mãos a obra! Ou melhor, joelhos a ativa!