terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Condromalacia patelar e a gravidez

A condromalacia patelar consiste em uma doença degenerativa da cartilagem articular da superfície posterior da patela. 
Dentre o rol de doenças do joelho da mulher corredora, esta estaria intimamente ligada ao valgo dinâmico e, infelizmente, tratada de maneira incorreta em muitos casos.  Acredita-se que a doença desenvolva-se a partir do contato excessivo da cartilagem da rótula que estaria lateralizada em relaçao ao seu “trilho”, a tróclea femoral. A distribuição desigual dos pontos de pressão causaria, em longo prazo, morte celular e desarranjo da matriz extra-celular, com conseqüentes sintomas de dor, creptação ou sensação semelhante a “areia” dentro do joelho,estalos e,às vezes, falseios. No início, a lesão dá-se por amolecimento da cartilagem. A seguir, podem haver ulcerações, fissuras, terminando com o desgaste de toda sua espessura, evoluindo,assim como qualquer lesão cartilaginosa, para a osteoartrose.
GRAUS
Segundo a classificação descrita por Outerbridge (1961), existem 4 níveis de condromalácia patelar, de acordo com o estágio de deterioração da cartilagem.
I – amolecimento da cartilagem e edemas.  Este estagio é considerado como normal por quase todos os autores e estaria presente em quase toda a população acima de 20 anos de idade.
II – fragmentação de cartilagem ou fissuras com diâmetro < 1,3cm diâmetro
III – fragmentação ou fissuras com diâmetro > 1,3cm
IV – erosão ou perda completa da cartilagem articular, com exposição do osso subcondral.
O que se sente?
Os principais sintomas são: dor profunda no joelho, as vezes irradiada para a região posterior, desencadeada na corrida e, posteriormente, ao subir e descer escadas, ao levantar-se de uma cadeira, muitas vezes restringindo para atividades da vida diária. Crepitação e estalos, muitas vezes audíveis sao comuns Quando existe o acumulo de liquido dentro do joelho, conhecido popularmente como “agua no joelho” indica haver agravo da doença com uma complicação comum denominada sinovite, uma reação inflamatória da membrana sinovial que reveste o joelho.

Como se trata?
O tratamento fundamenta-se na detecção  da presença valgo dinâmico e de desequlibrios musculares através do exame físico minucioso, com atenção especial para a musculatura do quadril feminino, observando-se a postura adotada no movimento de descida, detecção de pisada muito pronada pelo teste de baro-podometria e avaliação do equilíbrio muscular entre musculatura anterior da coxa (extensores do joelho) e posterior (flexores do joelho) através do teste de força ou avaliação isocinetica.
A reabilitação envolve recursos antiinflamatorios iniciais como o laser e o ultrassom, seguidos da ativação de grupos musculares enfraquecidos, muitas vezes com auxilio da eletroterapia (correntes russa ou australiana), seguida do fortalecimento e aumento do tempo de ativação de grupos musculares através dos treinos proprioceptivos e pliométricos. Muitas vezes, o uso do salto alto deve ser reduzido por determinado período e pisadas muito pronadas ou muito supinadas também devem ser tratadas.
Tratamento cirurgico
O tratamento cirúrgico da condromalacia patelar nunca deve ser a primeira opção no tratamento da doença e se reserva aos casos quem nao melhoraram com a reabilitação bem feita, com defeito cartilaginoso de graus III ou IV e com encurtamento crônico da  retinacula lateral (tecido que segura a patela na região externa). Nestes casos, através da artroscopia do joelho pode se realizar a regularização da cartilagem lesada (Figura 3), retirada de corpos livres e a soltura da retinacula encurtada, procedimento chamado de “release lateral”. Terapias adjuvantes como a aplicação intra articular de acido hialuronico no período pos-operatorio auxilia no tratamento e previne a recidiva de sintomas. (escrito por Dr. Adriano Leonardi, Médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho e traumatologia do esporte).
Certamente existe um certo público que não está salvo. Em conversas que tive com vários fisioterapeutas especialistas em reabilitação de joelhos, dizem que mulheres acima de 30 anos e que vivem o periodo pos parto, a incidência desta lesão é muito grande. Durante o período da gestação, além do ganho de peso que pode ser excessivo ou não, a mulher ainda lida com a mudança do centro gravitacional. O bebê que vai crescendo na barriga da mamãe, comprime as vértebras lombares, e transforma o caminhar da gestante. A tendência é que se torne genovalgo (joelhos voltados para dentro). Tudo isso alterou a mecânica da marcha que se criou por toda a vida da mulher até aquele momento. O tratamento na fase aguda se da por uso de medicamentos e fisioterapia. Após o período de crise, indica se fortalecimento muscular em academia com exercícios de cadeia cinética aberta, limitação de ângulos de flexão ou extensão. Por ser crônico, é algo que deve se aprender a conviver.  A maternidade é belíssima, mas traz consigo esses obstáculos a serem vencidos. Mãos a obra! Ou melhor, joelhos a ativa! 



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Exercícios físicos na gestação

     Depois de tanto tempo por que resolvi colocar uma matéria sobre este assunto? Primeiro, devido a minha experiência pessoal.  Hoje, tenho um bebê prestes a completar 7 meses de idade. Fui uma gestante ativa, na medida do possível, sem exageros e respeitando minha individualidade biológica. Continuei meus treinos de musculação, porém com intensidade menor, outro foco...o que antes era hipertrofia, tornou se resistência. Como coisas inexplicáveis acontecem na gestação, tive placenta prévia, que na minha cabeça significou desespero total, pois houve sangramento.  Eu trabalhei muito no primeiro trimestre, chegava a 10h por dia, já que os médicos diziam que seguisse a vida normalmente. Na prática, a teoria é diferente. Claro que precisa se mudar os hábitos, diminuir o ritmo! Depois de superado o susto, eu dava apenas 3 aulas, descansava e dava mais 3, fora os treinos que aconteciam 3x por semana, somando aeróbio e musculação, duravam cerca de 40,45 minutos no total. Conciliado a isso, tentei ao máximo controlar minha alimentação, consegui rigorosamente até o quarto mês, depois disso me permiti alimentos "proibidos" na minha vida.  Meu ganho de peso até o final da gestação foi de 13 kg, além do que imaginei que ganharia, mas todos os kilos extras estavam concentrados na barriga de grávida. Quem me conhecia, dizia que a gravidez me emagreceu, mas não foi isso necessariamente. Perdi muita massa muscular,  e ao mesmo tempo fui ganhando um bebê lindo e saudável.  Treinei para que tivesse um parto normal, humanizado. Fiz curso para tal, que era incluso no meu plano de saúde. Porém não foi possível, já no final da gravidez eu estava perdendo líquido e nada de sinal de parto. Resolvi não me frustar com a experiência. Marcamos a cesárea e graças a Deus, tudo ocorreu perfeitamente. Davi, meu filho, nasceu espertao, nota 10 em tudo (apgar)! Ele já estava prontinho para vir ao mundo!! E assim foi o início da melhor experiência da minha vida: a maternidade. Nada fácil, principalmente para uma mamãe de primeira viagem, mundo cheio de mistérios, mas totalmente recompensador. Um filho no ensina a sermos melhores. Nos ensina o que é o Amor,  abdicação e a nos superarmos em nós mesmas. 
     Bom, então tecnicamente falando, diante de tudo o que passei, eu indicaria repouso até o fim do primeiro trimestre, mesmo para mamães bem ativas. Sei que muitos profissionais não concordarão. Há 2 linhas de opiniões distintas a respeito disso, mas eu estive do outro lado e sei que não custa nada poupar 3 meses apenas por precaução, para deixar que o embrião, uma minúscula sementinha se fixe bem no colo do útero. Eu mesma tinha outra opinião antes do ocorrido, e tenho certeza que pela vida que cresce dentro da gente, vale a pena poupar no início. Depois desse período mais suscetível a abortos espontâneos, aí sim, borá treinar!! Para as grávidas ativas, recomendo que façam a mesma atividade física que faziam antes, e mais importante que nunca, tenham um personal trainer, se nunca teve, esse momento você precisa de um!! Cuide da alimentação sem neuras, seja humana e inteligente. Sem exageros, sem sofrimentos, vc pode ser muito saudável e feliz na sua gestação. Já para as mamães sedentárias, indico atividades mais leves, como caminhadas e hidroginastica. O importante é que façam alguma atividade física.  Os exercícios promovem o tonus muscular, a força e a resistência, o que ajudará seu corpo a carregar o peso extra na gravidez, preparara você para o esforço do parto e ainda ajudará seu corpo a voltar a forma depois que o bebê nascer. Também diminui os desconfortos físicos, dores nas costas, prisão de ventre, fadiga. Isso tudo sem falar na força que a futura mamãe necessita para cuidar do bebê.  Já ouvi inúmeros casos de lesões no ombro, dores nas costas, braços...eu mesma com meu histórico, fui vítima da tendinite no punho, por excesso de esforço...(não é fácil carregar um bebê no braço praticamente o dia todo...) 
     Espero ter colaborado com as mamães e futuras mamães. Permitam se viver com plenitude essa experiência maravilhosa. E lembre se, que se a mente e o corpo estão em equilíbrio, mamãe e bebe ganham uma vida saudável e tranqüila.  Portanto, treinem com responsabilidade e se  precisarem de ajuda, estou aqui!!